A Confederação
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta sexta-feira (28) uma nota
de repúdio sobre o uso de uma foto do jogador de futebol Neymar, do Santos,
como Jesus Cristo na cruz, na capa da “Revista Placar”, em sua edição de
outubro.
A foto, divulgada
na quarta-feira, não agradou à entidade. Dom Leonardo Steiner, secretário geral
da CNBB, afirmou nesta sexta e que a entidade não irá tomar nenhuma medida
sobre a escolha da publicação, mas que decidiu manifestar repúdio.
- Uma
capa desse estilo é uma agressão à liberdade da torcida - disse d. Steiner. -
Nossa preocupação é não deixar passar em branco - afirmou o secretário da CNBB.
Steiner
afirmou que a CNBB identificou que foto é uma montagem, e que não sabe Neymar
tinha consciência de como a revista iria usar sua imagem e concordou com a
escolha da revista.
Em nota,
a Confederação afirma que a fotomontagem causou “profunda indignação” e
extrapolou os limites da liberdade de expressão. Eles afirmam também que o uso
da imagem mostra desrespeito.
“Reconhecemos
a liberdade de expressão como princípio fundamental do estado e da convivência
democrática, entretanto, que há limites objetivos no seu exercício. A
ridicularização da fé e o desdém pelo sentimento religioso do povo por meio do
uso desrespeitoso da imagem da pessoa de Jesus Cristo sugerem a manipulação e
instrumentalização de um recurso editorial com mera finalidade comercial”,
afirmou a CNBB.
A
entidade ainda mencionou os conflitos gerados em países muçulmanos após a
divulgação de um vídeo que parodia o profeta Maomé.
“A
publicação demonstrou-se, no mínimo, insensível ao recente quadro mundial de
deplorável violência causado por uso inadequado de figuras religiosas,
prestando, assim, um grave desserviço à consolidação da convivência respeitosa
entre grupos de diferentes crenças”, afirmou a CNBB, em nota assinada pelo
Cardeal Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB, e por Steiner.
A imagem
escolhida pela revista ilustra uma reportagem “A crucificação de Neymar”, sobre
a fama do jogador de tentar cavar faltas, caindo muito em campo, e se tornando
“bode expiatório” em um esporte em que isso seria prática comum entre os
jogadores.
FONTE: O
Globo